Emma. O que falar de Emma? Não sei nem por onde começar. Ah, desculpe, estava me referindo à Emma Woodhouse, personagem título de Emma, que conta com a brilhante Anya Taylor-Joy (Os Novos Mutantes e Fragmentado) para interpretar a... complicada heroína Austeniana.
Brincadeiras à parte, é particularmente difícil avaliar uma adaptação de um livro, ainda mais se não se trata de nenhum livro YA lançado ano passado, mas Jane Austen. A dificuldade é, justamente, tentar não julgar aspectos como personagens, ritmo da história, desenvolvimento, profundidade e etc... porque, muitas dessas coisas já "vieram prontas" da obra original, então, teoricamente, não é culpa da adaptação se a história tem alguma falha (isso não inclui adaptações ruins). Seja como for, nada disso é o caso de Emma.
Eu frequentemente falo sobre filmes que têm um ritmo acelerado, mas, se você já leu algum livro de Jane Austen, deve saber que é praticamente impossível adaptar qualquer obra da autora para um ritmo acelerado sem perder nada. Felizmente, temos uma ótima adaptação para usar de exemplo. Claro que estou falando de Orgulho e Preconceito, de 2005. Jane Austen tem que ser lento, mas isso não significa ser enrolado. Nesse aspecto, Emma se sai muito bem, talvez nem tanto quanto seu antecessor de 2005, mas tinha potencial para ser uma catástrofe, que foi felizmente evitada. Sinto que agora eu estou enrolando demais...
O ponto é: sim, Emma é um filme longo e demorado, mas eu conseguiria assistir várias e várias vezes tranquilamente. Como a própria Jane Austen teria declarado uma vez, Emma é uma heroína de quem que somente ela gostaria. Acho que isso resume em uns 70% a história, mas, garanto uma coisa, é impossível não simpatizar ou se identificar com Emma, nem que seja um pouquinho. Fazendo mais um paralelo com Orgulho e Preconceito, Emma é muito menos idealizada que Elizabeth ou Jane, ou melhor, ela mesma se considera a personificação da perfeição, mas nós e todos ao redor dela sabemos que a verdade não é exatamente essa. Mesmo assim, nós ainda amamos ela!
Com um elenco de primeira, Emma conta com, além de Anya Taylor-Joy, Johnny Flynn (Lovesick), Josh O'Connor (The Crown), Mia Goth (The Tunnel), Bill Nighy (Simplesmente Amor) e Callum Turner (Animais Fantásticos). Quem rouba a cena é, sem dúvidas, Taylor-Joy e Flynn, representando os dois personagens principais, Emma e Mr. Knightley, mas Mr. Woodhouse, personagem de Nighy, é o protagonista de talvez algumas das cenas mais divertidas do filme. Com um elenco desses e um roteiro de Jane Austen, qual filme poderia ser ruim?
Emma é um filme lindo, se isso faz algum sentido. A fotografia muda de acordo com as estações do ano que dividem a história, e os figurinos e as caracterizações são realmente lindos. Nesse aspecto, acho que os únicos filmes recentes que se comparam são Adoráveis Mulheres, também lançado esse ano, e Anna Karenina, de 2012, do diretor já muito comentado por nós Joe Wright. Ou seja, com essas referências, tem grandes chances de Emma ser indicado à um Oscar de Melhor Figurino, no mínimo.
Nossa nota do Canary Reviews para essa linda produção, com um elenco maravilhoso, e muitos personagens cativantes (obrigada tia Jane!), não poderia ser nada menos que 9,5, e só podemos esperar que Emma receba todo o reconhecimento que merece nas permissões do próximo ano.
"Bonita, inteligente e rica, Emma Woodhouse é uma abelha rainha inquieta em sua pequena cidade natal. Em busca de emoções, ela se aventura por decisões equivocadas e erros românticos até encontrar o amor que sempre acreditou estar ausente em sua vida."
*Emma está disponível para aluguel no Google Play Filmes
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